Como grande admirador deste cientista, tinha que lhe dedicar um post. E nada melhor do que falar um pouco da vida deste. Um pouco mesmo, porque a vida deste homem é demasiado recheada para se conseguir resumir num post.
Afectado desde jovem por uma doença degenerativa incurável, o icónico físico teórico morreu esta quarta-feira dia 14/03/2018 com 76 anos. Deixa um legado de conhecimento e de reflexões para ajudar no futuro.
Recomendava começar, desde já, a procurar outro planeta para viver, para que a humanidade possa sobreviver a um grande desastre na Terra.
Autor de “A Breve História do Tempo”, explorou teorias sobre a relatividade geral e sobre os buracos negros. É de destacar também o papel que teve no campo das tecnologias ao contribuir para o desenvolvimento de soluções que facilitam a comunicação e mobilidade de pessoas tetralégicas e com outros problemas motores como o que o próprio físico tinha.
O físico teórico também estudou e partilhou as suas preocupações éticas e morais em relação ao futuro da tecnologia, em particular sobre a inteligência artificial e a aprendizagem automática.
Diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica aos 21 anos, os médicos prognosticaram-lhe uma vida curta. Em 1963, deram-lhe dois anos de vida.
No entanto, desafiando todas as probabilidades, tornou-se uma excepção: viveu mais de meio século com a doença, a maioria do tempo preso a uma cadeira de rodas. Na década de 1980 acabou por perder a capacidade de falar, ficando então dependente de um sistema de voz computorizado para comunicar e transmitir o seu trabalho e reflexões.
Enquanto isso, continuou a combinar a vida familiar (três filhos e três netos) com a investigação em física teórica.
A tecnologia foi, ao longo da vida, uma forte aliada de Hawking. “A medicina não foi capaz de curar-me, pelo que dependo da tecnologia para poder comunicar e viver”, disse o cientista, em 2014.
Hawking utilizava, desde 1985, um sintetizador de voz para comunicar utilizando para o efeito as bochechas. A sua cadeira de rodas funcionava através de um sistema que manipulava com os olhos e com a cabeça.
À medida que foi ficando com os movimentos cada vez mais limitados, trabalhou, em conjunto com a Intel, e durante três anos, para substituir a sua plataforma de comunicação (com mais de duas décadas) que apenas lhe permitia escrever poucas palavras por minuto. O sistema permitiu duplicar a velocidade de comunicação.
A empresa dizia, em 2014, que o sistema (Assistive Context Aware Toolkit – ACAT) poderia ser adaptado para ser utilizado por três milhões de pessoas com problemas de saúde equivalentes aos de Hawking em todo o mundo.
“Estamos a ultrapassar fronteiras do que é possível fazer com tecnologia. Sem ela eu não poderia falar convosco hoje”, disse Hawking numa conferência de imprensa, em Londres, em finais de 2014. “O meu sistema antigo tinha mais de 20 anos e estava a ter muitas dificuldades em comunicar com eficiência. Este novo sistema mudou-me a vida e espero que possa servir-me nos próximos 20 anos”, disse na ocasião.
Confiante e em simultâneo dependente da tecnologia, Hawking estava consciente das possíveis consequências dos avanços científicos para o ser humano.
Por este motivo, nos últimos anos posicionou-se contra algumas utilizações da inteligência artificial, fazendo inclusive parte de um grupo de trabalho (OpenAI) que integra também Elon Musk e Bill Gates, para estudar as implicações éticas daquela tecnologia.
Em 2015, Stephen Hawking e outros signatários de uma carta aberta realçaram o risco de uma corrida ao armamento com capacidade de decisão independente.
Foi precisamente aquele o tema que o físico teórico trouxe em Novembro de 2017 à Web Summit, em Lisboa. Por intermédio do director-executivo da startup portuguesa Feedzai, Nuno Sebastião, e numa aparição, à distância, mantida em segredo pela organização, até ao último momento, falou sobre os possíveis efeitos da inteligência artificial.
Hawking defendia a criação de mecanismos de controlo da IA e boas práticas em investigação, como prioridade, para evitar os potenciais riscos. “Sou um optimista e acredito que podemos fazer Inteligência Artificial em benefício do mundo”.
Hawking falou sobre o papel que a inteligência artificial poderá ter para a Humanidade: “simplesmente não sabemos”, concluiu. Pode ser “o melhor ou o pior que acontece à Humanidade”. A inteligência artificial poderá marcar profundamente a civilização actual, servir para acabar com a fome no mundo ou neutralizar os efeitos nefastos da industrialização. Mas, poderá também criar disrupção económica contrária à nossa vontade ou promover a opressão de muitos por poucas pessoas, disse.
Por isso, o autor de “A Breve História do Tempo”, defendeu, a criação de mecanismos de controlo da IA e boas práticas em investigação, como prioridade, para evitar os potenciais riscos. “Sou um optimista e acredito que podemos fazer a IA em benefício do mundo”, ressalvou, apesar dos seus receios.
E não foi a primeira vez que falou sobre o tema. Em 2014, após Elon Musk ter alertado para os riscos da inteligência artificial que apelidou de uma “ameaça para a Humanidade”. Hawking, corroborou: a “tecnologia poderia acabar com a Humanidade”.
O cosmologista disse, numa entrevista à BBC que “o desenvolvimento de inteligência artificial total poderia ditar o fim da raça humana”. Embora a inteligência artificial actual não represente ameaça alguma, Hawkings mostrou-se preocupado com a possibilidade de cientistas, no futuro, poderem vir a criar tecnologia que poderá ultrapassar os humanos quer em termos de inteligência, quer em termos de forço física.
“Tornar-se-ia autónoma e redesenhar-se-ia a um ritmo cada vez maior”, disse Hawking na altura. “Os humanos, que são limitados pela sua lenta evolução biológica, não poderiam concorrer (com isso) e rapidamente seriam ultrapassados”. Naturalmente não será para já. Hawking disse, no ano seguinte que temia que os rôbos tomassem as rédeas do mundo dentro de 100 anos. Nessa altura, disse, é necessário ter a certeza de que os objectivos dos computadores estão alinhados com os nossos.
Hawking era, além de cientista, uma improvável “superstar”, fazendo parte do seu currículo participações em séries como “Os Simpsons” ou “A Teoria do Big Bang”.
"Estamos profundamente tristes com a morte, hoje, do nosso adorado pai. Foi um grande cientista e um homem extraordinário, cujo trabalho e legado permanecerão por muitos anos", escreveram os filhos do cientista, Lucy, Robert e Tim, num texto divulgado pelas agências noticiosas e nas quais nós partilhamos o mesmo sentimento.
Fonte: Computerworld
A vida de Stephen Hawking
A vida de Stephen Hawking
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