São seis os projetos de I&D em EPI’s que representam um investimento de cerca de 3 milhões. Máscaras reutilizáveis e outros equipamentos de proteção com capacidade antibacteorológica e antivírica para utilização em contexto profissional são alguns dos exemplos destes projetos inovadores.
A Fibrenamics, interface de I&D da Universidade do Minho, está a desenvolver seis projetos de investigação para a criação de uma nova geração de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), com propriedades únicas, em que alguns casos, além de permitirem a sua reutilização, proporcionam ainda uma maior capacidade de filtração bacteriana e vírica, com propriedades hipoalergénicas, para utilização em contexto profissional e não profissional. O desenvolvimento destes projetos de EP’Is é realizado em conjunto com diversas entidades Portuguesas e envolve um investimento total em I&D de cerca de 3 milhões de euros.
Tendo em consideração as preocupações globais em torno da COVID-19, a sobrecarga dos sistemas de saúde e um claro desajustamento da oferta de equipamento de proteção face à respetiva procura, estes projetos têm como objetivo dar resposta a essas necessidades, mas simultaneamente acrescentar valor que visa, por um lado, contribuir para a diminuição da dependência de mercados externos para a matéria prima principal (capacidade filtrante), ajudar a combater a poluição ambiental, apresentar EPI’s com níveis de proteção melhorada, e sobretudo dotar a industria nacional de capacidade técnico e cientifica para o desenvolvimento e produção dos mesmos. Cada um destes projetos está a ser desenvolvido em parceria com a Fibrenamics, da Universidade do Minho, e pretendem responder a especificações e objetivos diferenciadores:
1. Multigrade Mask – Este projeto, promovido pela empresa Borgstena, em parceria com a Fibrenamics da Universidade do Minho, tem como objetivo o desenvolvimento de uma máscara cirúrgica com gradiente de propriedades que garanta o cumprimento de todos os requisitos da norma EN 14683. Adicionalmente, para além do objetivo de criar uma máscara cirúrgica à base de materiais fibrosos alternativos aos tradicionais, pretende-se que a solução final apresente ainda propriedades funcionais de elevado valor acrescentado e perfeitamente adaptáveis às necessidades dos profissionais de saúde, nomeadamente ao nível da proteção bacteriológica e vírica. Por outro, pretende-se proporcionar uma maior ergonomia face às soluções de mercado.
2. ActiFiber – Projeto desenvolvido pela empresa LMA, em parceria com a Fibrenamics da Universidade do Minho, que tem como objetivo desenvolver um conceito inovador para máscaras, com proteção nível II, para utilização por pessoas que, não sendo profissionais de saúde, estão em contacto diário com um número elevado de pessoas devido à sua atividade profissional, com durabilidade elevada ao número de lavagens e tempo de utilização (até 8h), esta máscara será confortável e ergonómica. Para o efeito serão desenvolvidas estruturas fibrosas tridimensionais inovadoras, com maior capacidade de filtragem.
3. Nano Mask - Este projeto, promovido pela empresa POLEVA, em parceria com a Fibrenamics da Universidade do Minho, tem como objetivo o desenvolvimento de máscaras FFP2, a partir de estruturas fibrosas à multiescala, com particular ênfase no desenvolvimento de nanomateriais, nomeadamente nanoestruturas fibrosas com elevada capacidade de filtração vírica. Além disso, este produto será ainda diferenciador do ponto de vista ergonómico, por via do design da máscara. O conceito inovador apresentado, para além de permitir suprimir uma necessidade emergente no fornecimento de EPI´s provocada pela pandemia COVID-19, representa, igualmente, um avanço no estado da arte, pelo desenvolvimento de uma nova geração de estruturas fibrosas com a reconversão industrial da empresa.
4. Active Protection – Um projeto da empresa Latino, realizado em parceria com a Fibrenamics da Universidade do Minho, cujo objetivo passa pelo desenvolvimento de uma nova geração de EPI’s reutilizáveis (batas, toucas e perneiras). Estão a ser desenvolvidas estruturas fibrosas com efeito barreira, a partir da sua funcionalização, que visam garantir proteção anti-bacteorológica e anti-vírica, em contexto profissional (lares, bombeiros, entre outros). Desta forma, pretende-se através da funcionalização, concretizar um conceito inovador incorporando caraterísticas ativas em EPI, contrariamente ao que acontece nos EPI passivos (tradicionais), de uma forma célere e ágil, com vista à rápida colocação destes produtos no mercado.
5. COV_YARN – Este projeto, promovido pela empresa Tearfil, em parceria com a Fibrenamics da Universidade do Minho, tem como objetivo o desenvolvimento de um portefólio inovador de fios multifuncionais para produção de uma nova geração de EPI’s reutilizáveis (máscaras, batas, toucas e perneiras). Neste contexto, no âmbito do presente projeto está a ser explorada a deposição de nanopartículas, com capacidade antibacteriana e antivírica, sobre materiais filiformes (fios). No âmbito deste projeto serão desenvolvidos modelos demonstradores de EPI’s, com base nos fios multifuncionais desenvolvidos.
6. Sonix – A empresa Sonix em parceria com a Fibrenamics da Universidade do Minho, tem como objetivo com o este projeto o desenvolvimento de novos equipamentos de proteção individual no combate à COVID-19, nomeadamente máscaras, perneiras, batas, coveralls, cogulas, entre outros. Neste âmbito, para estes produtos, foi adotada uma abordagem disruptiva, explorando conceitos de design funcional.
Para o cumprimento dos objetivos propostos em cada um dos projetos, encontra-se prevista a realização de estudos em torno de novos materiais e processos, que permitam concetualizar e desenvolver, no final, EPI’s funcionais, tendo por base processos produtivos altamente eficientes, rápido e com redução de desperdícios, no sentido de garantir uma resposta às necessidades prementes do mercado e, em particular, dos profissionais de saúde.
“A pandemia de COVID-19 tem tido um impacto extremamente negativo nos mais diversos contextos socioeconómicos, com uma taxa de contágio extremamente muito elevada em todo o mundo, sobretudo quando comparada com outros vírus. Neste sentido, tem surgido uma procura massificada, quer por parte de particulares, quer dos sistemas de saúde e dos seus profissionais, por equipamentos de proteção individual e dispositivos médicos específicos, não existindo uma oferta que acompanhe esta procura. Em particular, no caso dos sistemas de saúde, a procura centra-se em máscaras cirúrgicas, que previnam ou mitiguem a transmissão de agentes infeciosos entre pessoas, sendo um dos equipamentos mais procurados e com maior valor acrescentado para os utilizadores. É com a missão de podermos ajudar a responder a essas necessidades e a mitigar a transmissão comunitária de SARS-CoV-2, que em conjunto com diferentes parceiros, nos lançámos nestes desafios de desenvolver EPI’s verdadeiramente inovadores e com impacto na sociedade”, explica João Bessa, Technology Manager da Fibrenamics da Universidade do Minho.
Os projetos estão a ser desenvolvidos no âmbito do sistema de incentivos das atividades de investigação e desenvolvimento e investimento em infraestruturas de ensaio e otimização no contexto do Covid-19, com o apoio do Portugal 2020 e dos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento da União Europeia.
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