Antes da proibição do comércio nos Estados Unidos, a Huawei estava decidida a enfrentar a Samsung. A Huawei empatou (e eventualmente ultrapassou ) a Apple no segundo lugar globalmente, desfrutando de muito ímpeto nos anos anteriores às sanções.
Quase um ano após o banimento, a Huawei até conseguiu passar a Samsung pelo cobiçado primeiro lugar no segundo trimestre de 2020. No entanto, isso foi devido a uma combinação de circunstâncias sem precedentes.
Na época, a China estava a recuperar da pandemia COVID-19, enquanto os redutos da Samsung na Europa e na América do Norte estavam a ser atingidos por ela.
Os últimos números do terceiro trimestre de 2020 sugerem fortemente que a posição número um da Huawei foi devido a essas circunstâncias.
Desde então, a Huawei tem estado em queda em muitas regiões e a Xiaomi está a saber aproveitar-se da situação.
Na apresentação do resultados do 3º trimestre a Xiaomi superou as expectativas e tiveram aumentos de 45% enquanto a Huawei decresceu 24% na venda de telemóveis.
No momento é possível que a Xiaomi já tenha ultrapassado a Huawei na participação de mercado global e, no processo, tenha se tornado a marca chinesa mais popular. O número de 45% é particularmente impressionante, dado que o restante das cinco principais marcas, exceto a Samsung, viram o mercado decrescer.
A estratégia da Xiaomi nos últimos dois anos tem sido focar nos tradicionais baluartes da Huawei na Europa, Médio Oriente e (até certo ponto) na África, enquanto mantém o ímpeto na sua região natal, a China e no altamente disputado mercado indiano.
A Xiaomi já tinha ultrapassado a Huawei no terceiro lugar na Europa no segundo trimestre de 2020 e agora afirma que está entre as cinco primeiras em 54 mercados e é marca principal em 10 mercados (ver imagem em cima).
A queda da Huawei induzida pelos EUA coincidiu com a ascensão da Xiaomi, mas não é apenas uma coincidência. A Xiaomi informou que a receita no exterior agora representa mais da metade de sua receita pela primeira vez (pouco mais de 55%). Isso significa que a marca pode apoiar-se no mercado interno ou externo conforme achar adequado.
Outra razão é que a Xiaomi também adotou a estratégia de se associar a operadoras. A Huawei durante anos usufruiu disso mas agora sem Google está a sair de cena. Agora mais especificamente, a Xiaomi diz que associou-se a 50 operadoras cobrindo “100 sub-redes” em 50 países.
A Huawei tinha os smartphones Lite que impressionavam pelos baixos preços e durante anos vendiam imensos nas lojas das operadoras e mesmo na troca de pontos.
A Xiaomi não faz "lites" mas tem vários smartphones no mercado baratos e de grande qualidade, principalmente a série Redmi Note.
Três telemóveis baratos da Xiaomi estavam na lista dos 10 telemóveis mais populares globalmente no terceiro trimestre de 2020.
No entanto, o grande desafio para a Xiaomi é o segmento premium. A empresa tem vindo a tentar fazer-se aparecer nesta categoria. Os Mi topo de linha da empresa geralmente são considerados topos de preço acessível, como as séries Mi 8 e Mi 9.
Mas os novos Mi 10 e Mi 10 Pro o preço já subiu e aproximou-se das rivais e aqui indica que a Xiaomi tem que ainda trabalhar um pouco os seus dispositivos premium com recursos como resistência à água, melhor tecnologia de ecrã, entre outras coisas.
A Samsung e a Apple decidiram também lançar os seus lowcost com desempenho muito acessível. A série M da Samsung e o SE da Apple são exemplos disso. É expectável a Xiaomi vir a ter mais concorrência.
Em 2021 a incerteza ainda é muita por vários fatores mas há dois a destacar: Pandemia e mudança de liderança nos EUA.
Mas 2021 tem uma certeza absoluta, irá passar por uma crise económica sem precedentes e aqui vai prevalecer qualidade a baixo custo, onde a Xiaomi reina.
O retorno dos serviços do Google seria uma grande vitória para a Huawei, mas ela ainda terá que trabalhar duro para reconquistar a confiança do consumidor.
Além da concorrência potencial da Huawei, a Xiaomi também enfrentará um desafio de empresas como Oppo, Realme e Vivo em 2021. Na verdade, todas as três marcas são relativamente novas na região europeia, mas têm vindo a lançar modelos muito atrativos a preços baixos. A Realme é mais focada no orçamento, e por isso talvez a maior ameaça.
Mas pelas noticias a Xiaomi não está a dormir e tem vindo a trabalhar em novas tecnologias, investindo principalmente nas camaras, tecnologia sem fio UWB, e também no carregamento rápido.
2021 vai ser um ano interessante onde as empresas têm que ser inovadoras e reinventar muitos dos seus aspetos.
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