O SF6, ou hexafluoreto de enxofre, encabeça a lista dos gases com efeito de estufa (GHG) mais nocivos, pois é 23.500 vezes mais potente do que o CO2 e permanece na atmosfera durante 3.200 anos.
De acordo com dados da Associação de Energias Renováveis (APREN), a percentagem de energia renovável gerada em Portugal Continental no primeiro trimestre de 2021 representou 79,5% do total de eletricidade gerada. A Eaton, empresa líder em gestão de energia, assinala que este avanço nas energias renováveis é uma boa notícia para o ambiente, mas ao mesmo tempo está associado, em muitos casos, a um aumento da utilização de um dos gases com efeito de estufa mais poluentes existentes, o SF6 ou hexafluoreto de enxofre.
Ao contrário da geração convencional de energia em centrais centralizadas de grande escala, as energias solar e eólica são geradas em centrais descentralizadas. Isto faz uso de equipamento de transformação, proteção e distribuição elétrica em alta e média tensão para ser instalado de uma forma mais atomizada. Uma vez que o gás SF6 é um isolante elétrico que tem sido historicamente muito utilizado nestes equipamentos, entra em jogo o paradoxo ambiental: o que está fixado de um lado é danificado do outro. De facto, o SF6, ou hexafluoreto de enxofre, encabeça a lista dos gases com efeito de estufa (GHG) mais nocivos, pois é 23.500 vezes mais potente do que o CO2 e permanece na atmosfera durante 3.200 anos.
Segundo dados da Comissão Europeia, em Portugal, as emissões de gases com efeito de estufa per capita estão abaixo da UE-27, embora, de acordo com as projeções com base nas medidas em vigor, Portugal encontra-se a 23% de distância do seu objetivo para 2030.
2021, um ano-chave para o não-futuro do SF6
Ainda este ano, espera-se que a Comissão Europeia reveja o Regulamento da UE sobre gases fluorados de 2014 e tome uma decisão relativamente à utilização de SF6 no sector da energia. Já em setembro de 2020, o organismo publicou um relatório assinalando a necessidade de eliminar gradualmente a utilização deste gás até 2025 e a recomendação de intervenção política para assegurar a existência dos incentivos certos para a adoção rápida de alternativas ao SF6.
A Eaton, como fabricante líder de tecnologia sem SF6, congratula-se com estes desenvolvimentos, mas salienta a necessidade de agir mais cedo e não mais tarde, dado que já existem alternativas ao SF6 no mercado e o impacto negativo do SF6 no aquecimento global, o tempo é essencial.
"Estamos num momento crucial para a transição energética e temos de nos certificar de que estamos a avançar na direção certa. Atualmente, a indústria da eletricidade é responsável pela maioria das emissões de SF6 e a falta de regulamentação para incentivar a utilização de alternativas livres de SF6 está a impedir a mudança. Se quisermos cumprir os objetivos estabelecidos no Acordo de Paris e limitar os aumentos globais de temperatura, é um imperativo urgente que a indústria elétrica adote soluções alternativas e mais sustentáveis", diz José Antonio Afonso, responsável do segmento de Commercial Buildings da Eaton Iberia.
Há muito que é possível implementar soluções compactas para média tensão sem a utilização de gases nocivos, graças à combinação de tecnologia de isolamento sólido e vácuo. Assim, os componentes portadores de tensão são alojados num invólucro hermeticamente fechado e protegido das influências ambientais, o que também significa que não necessitam de manutenção, tais como testes periódicos de pressão de gás.
As alternativas ao SF6 estão no mercado há muitos anos e têm dado provas. Por exemplo, o sistema Magnefix, que utiliza isolamento epoxi, foi desenvolvido nos anos 60 e cobre a gama até 15 quilovolts. O sistema Xiria da Eaton, que utiliza tecnologia de vácuo, foi concebido para tensões até 24 kV e foi introduzido em 2002.
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