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Portugal a meio caminho na escala de maturidade digital (Estudo Boston Consulting Group, Google e Nova SBE)

Portugal a meio caminho na escala de maturidade digital (Estudo Boston Consulting Group, Google e Nova SBE)
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  • Boston Consulting Group, Google e Nova SBE apresentam estudo sobre a maturidade digital do tecido empresarial português com base nas respostas de mais de 1000 empresas nacionais
  • O impacto do Digital na economia já ascende a 12,7mM€ (~6% do PIB) mas ainda está aquém do observado noutros países europeus
  • Estudo mostra que há correlação entre maturidade digital, produtividade e nível salarial médio das empresas
  • Médias e Grandes Empresas dos setores de Telecomunicações, Media e IT/Tecnologia lideram em maturidade, em contraciclo com as Indústrias pesadas
  • Desconhecimento sobre alguns dos programas de incentivos à digitalização condiciona oportunidades de crescimento, em particular no contexto de chegada da bazuca europeia
Portugal a meio caminho na escala de maturidade digital (Estudo Boston Consulting Group, Google e Nova SBE)

Portugal está no segundo de quatro níveis de maturidade digital, segundo o estudo “O Caminho para um Portugal Biónico: A maturidade digital do tecido empresarial em Portugal”, publicado pela Boston Consulting Group (BCG), pela Google e pela Nova SBE. O relatório, que avalia a “temperatura” digital das empresas, mostra ainda que a digitalização está diretamente relacionada com os níveis de produtividade e os salários médios das organizações, e que, apesar da intenção das empresas em utilizar o digital como motor das suas estratégias, existe ainda alguma inércia na sua aplicação em algumas áreas relevantes, nomeadamente em funções de suporte, operações, oferta ao cliente e de abordagem a novos mercados.

A situação de emergência sanitária apresentou-se como um enorme desafio à agilidade das empresas, exigindo uma rápida resposta às alterações dos hábitos dos consumidores, em especial, na adoção de canais e modelos digitais, mesmo nos setores historicamente mais resistentes a esta transformação. O aumento do tráfego online no Retalho Alimentar (61%) e na Banca (47%), entre o período pré e pós confinamento de março de 2020 são exemplos disso mesmo. Mas, Portugal está ainda longe de ser considerado um “Digital Leader”, o nível de maior reconhecimento, segundo o Digital Acceleration Index (DAI), o índice utilizado pela BCG que permite observar o estágio de maturidade digital do tecido económico de um país com base no nível atual e desejado de digitalização das suas empresas. Neste momento, o país consolida o seu lugar como “Digital Literate”, com um total de 31 pontos (dos 100 possíveis), 21 pontos abaixo da média europeia, que se encontra no patamar dos “Digital Performers”.

Bernardo Correia, Country Manager da Google, afirma que “as ferramentas digitais foram uma tábua de salvação para muitos durante a pandemia e a maturidade digital das organizações foi essencial para a sua capacidade de resistência aos seus impactos económicos. Apostar em tecnologia, nas ferramentas certas, e nas competências digitais continuará a ter um importante papel como catalisador numa retoma que se quer inclusiva”.

Contudo, a adoção do Digital não é semelhante em todas as organizações, salientando-se uma correlação direta entre o tamanho das empresas e a sua maturidade digital, assim como o setor em que atuam. As Médias empresas lideram esta transformação (45 pontos), sugerindo que a sua dimensão lhes confere mais dinamismo e agilidade que aquele existente nas Grandes empresas. No entanto, Médias e Grandes empresas estão, significativamente, mais avançadas do que as Pequenas (25 pontos).

Entre as organizações de maior dimensão, as pertencentes aos setores dos Media, Indústria Alimentar, Comércio (Grossista e Retalho) dispersam nos estágios de maturidade, enquanto as que operam nos setores de IT, Media, Telecomunicações (TMT) e Serviços lideram a digitalização. Setores como as TMT e Hotelaria e Turismo podem até ser comparados com padrões internacionais, estando bem posicionados numa ótica de competitividade internacional. Já a Construção e as Indústrias Pesadas estão na cauda da maturidade digital. Importa também salientar o setor das Instituições Financeiras, que, apesar de apresentar uma pontuação superior à de muitos outros setores a nível nacional, está 12 pontos abaixo da média dos pares europeus, o que o torna vulnerável à ameaça crescente de concorrência internacional, em particular aos nativos digitais que procurem entrar nestes mercados. Também o setor dos Bens de Consumo Duráveis se encontra 11 pontos abaixo da média dos pares europeus.

Pedro Pereira, Managing Director e Partner da BCG, avança que “Portugal tem um importante e ainda longo caminho pela frente, mas a concretização de uma visão de maturidade digital para o país é possível e depende da coerência dos esforços das empresas e das instituições públicas. A “bazuca” europeia não será solução para todos os problemas, mas pode ser um elemento importante se Portugal conseguir posicionar-se para retirar partido dela.”

Digitalização lado a lado com produtividade e salários médios

O estudo mostra também que a produtividade das empresas tende a aumentar quanto maior a sua maturidade digital. A pontuação DAI explica 9% da variação da produtividade e cada ponto DAI adicional reflete um aumento de 2% na produtividade média das empresas, o que significa que um salto de escalão DAI poderá equivaler a um aumento de 50% da produtividade média.

Os salários médios também tendem a aumentar nas empresas digitalmente mais maduras, sendo que, uma transição completa no estágio de maturidade está, estatisticamente, associada a um aumento de 37% do salário médio. Esta relação pode explicar-se pela aposta feita pelas empresas em capital humano mais qualificado, que lhes permita implementar com maior sucesso a transformação tecnológica.

Daniel Traça, Diretor da Nova SBE, acrescenta que “Sabemos que, em Portugal, as novas gerações são as mais preparadas de sempre, pelo que a sua progressão nas organizações dará um importante contributo para a transição digital. Segundo dados do Eurostat, em 2019 existia uma faixa dos 55 aos 64 anos em que o nível de literacia estava abaixo da média europeia (28% vs. 40%) mas também uma população portuguesa, entre os 16 e os 44 anos, com um nível básico, ou superior, de competências digitais acima da média na União Europeia, posicionando-se, em particular, a faixa entre os 16 e os 24 anos no top 10 da UE".

O aumento do investimento na digitalização está também correlacionado com ganhos de maturidade digital. 65% das Grandes empresas investem mais de 0,5% das suas receitas no Digital e aquelas que aplicam mais de 2% têm, em média, mais 14 pontos de maturidade que as que investem abaixo desse valor. Isto mostra que as Médias empresas, que apresentam uma maturidade mais avançada, têm trabalhado de forma mais eficiente, já que 60% investem mais de 0,5% das suas receitas. Já nas Pequenas empresas, 60% investem menos de 0,1% das suas receitas.

A ajuda ao investimento em Digital é crítica, mas o grau de desconhecimento dos instrumentos levanta sinais de preocupação

A maturidade digital promete uma posição competitiva e com maior retorno para as empresas que consigam impor esta vantagem. Além da execução por parte das empresas, as instituições nacionais e europeias têm um papel preponderante ao assegurar um contexto propício à transformação digital com recursos humanos e financeiros e um ambiente regulatório equilibrado. Apesar da existência de medidas de apoio, mais de metade das empresas analisadas neste estudo não conhece qualquer programa de financiamento ao Digital – sendo esta uma realidade transversal a todos os segmentos empresariais.

O Futuro

Nas Médias e Grandes empresas portuguesas encontram-se lacunas digitais estruturais: Indústria 4.0, Metodologias Agile e Personalização, e o Marketing Digital e Governance de dados são as dimensões mais distanciadas da referência europeia. Assinala-se também uma falta de literacia digital em algumas componentes da maturidade, nomeadamente, uma em cada cinco Grandes empresas desconhece a sua realidade face à tecnologia IoT e 40% revelam desconhecer como o digital pode ser aplicado às suas operações de serviço. As empresas de grande dimensão mencionam também uma maior dificuldade em oferecer condições suficientes para contratar os recursos humanos certos para o Digital, apesar de serem quem mais lança iniciativas de capacitação de equipas para esta vertente (70% afirmam tê-lo feito). Nas Médias empresas, a dificuldade a superar é a definição e priorização dos projetos certos para consolidar competências e motivar as pessoas para o Digital e, nas Pequenas empresas, o entrave está na dificuldade em encontrar o pessoal e gestores de equipas com as competências necessárias, sendo que 30% das PME’s afirmam ter lançado iniciativas de capacitação dos colaboradores para o Digital.

As diferenças de ambição de desenvolvimento digital são notórias entre os diferentes setores económicos, com as Médias e Grandes empresas dos setores de Instituições Financeiras, Transportes e Logística e Hotelaria e Turismo a mostrarem ambições de subirem dois níveis de maturidade. Para 2022, as empresas de Média e Grande dimensão apontam o Marketing Digital, a Investigação & Desenvolvimento de produto e a oferta de novos serviços e produtos digitais como as áreas prioritárias de desenvolvimento. Em contraciclo, encontram-se as indústrias Metalúrgica e Automóvel, que parecem estar conformadas com a posição que assumem na escala e o seu foco concentra-se nas dimensões que impactam a experiência do cliente. Entre as Pequenas empresas, as relacionadas com Educação são as mais ambiciosas, em oposição às de Saúde e Retalho, sendo que nestes o foco de melhoria está na digitalização da cadeia logística e no melhor e maior aproveitamento dos dados.

Segundo o estudo, o processo de transformação deve ser orientado para maximizar as probabilidades de sucesso. Para tal, propõe-se a definição de objetivos claros que possam ser traduzidos em ações concretas, num processo liderado pelo negócio, mas de “braço dado” com a tecnologia. É ainda necessário assegurar a valorização das pessoas e adotar um modelo de transformação que permita a aprendizagem por experimentação, a monitorização do processo e consequente responsabilização sobre o progresso.

Relatório disponível na íntegra e webinar de apresentação do estudo disponíveis na íntegra aqui.
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