O último dia da Huawei Summer School for Female Leadership in the Digital Age abordou o papel das mulheres na recuperação económica na fase pós-pandemia.
Em 2020, as mulheres perderam globalmente mais de 64 milhões de empregos, o que equivale a 5% do total de postos de trabalho ocupados pelo sexo feminino. Em comparação, 3,9% dos empregos dos homens foram perdidos no ano passado, refere um report da Oxfam International divulgado em Abril passado. Ainda de acordo com a consultora, estes números referentes ao desemprego são o reflexo directo associado à crise da Covid-19, tendo originado às mulheres a nível global uma perda de rendimentos na ordem dos 680 mil milhões de euros, valor esse que ultrapassa o PIB combinado de 98 países.
Face a esta realidade, a discussão do painel "Europe after the pandemic: Empowering women to lead the recovery" centrou-se precisamente em como poderá o sexo feminino contribuir para a recuperação económica, questão essa lançada à plateia pela moderadora Luisa Baldini, co-fundadora da Composure Media e ex-Royal Correspondent da BBC. E as participantes da 1.ª edição da Huawei Summer School for Female Leadership in the Digital Age de imediato reagiram ao desafio de encontrar respostas, ouvindo-se quem garantisse que a solução era aumentar a consciencialização para a obrigatória igualdade do género, enquanto outras vozes propuseram que o trabalho colaborativo entre homens e mulheres, necessidade que a pandemia veio alavancar, poderá ser um bom começo para as mentalidades começarem a mudar.
Na opinião de Cristina Vaz Tomé, membro do Conselho Executivo da Impresa e da EGTA (Association of TV & Radio Saleshouses), a pandemia trouxe, de facto, “uma nova realidade ao mercado de trabalho”, havendo que reagir e consequentemente “olhar para uma necessária regulamentação das relações laborais”, fruto dos novos modelos e conceitos de trabalho que emergiram à conta da digitalização. E porque a era digital foi acelerada pela Covid-19 e definitivamente se impôs de forma transversal em toda a sociedade, “é essencial que as mulheres estejam envolvidas e façam parte deste ciclo”, disse por sua vez Eavann Murphy, Managing Director da Open Eir Wholesale, acrescentando que “escolher as áreas de STEM (Sciences, Technologies, Engineering and Mathematics) acaba por ser determinante” para que o sexo feminino tenha uma palavra a dizer numa economia cada vez mais digitalizada – de acordo com o Eurostat, em 2019 apenas 41% de profissionais nas áreas de STEM eram do sexo feminino.
Para Cristina Vaz Tomé o empoderamento das mulheres “deve começar logo nas escolas e sobretudo nas escolhas que as estudantes fazem”. Isto porque, adiantou, o sexo feminino “tende a mostrar receio em escolher profissões que envolvam, por exemplo, matemática”, pelo que as instituições de ensino “têm de ter essa questão em atenção” e tentar criar condições para incentivar as jovens nesse sentido. “E uma vez chegadas ao mercado de trabalho, têm de assumir perante as hierarquias que querem progredir na carreira, sempre seguras do caminho que pretendem seguir”, rematou Cristina Vaz Tomé.
A Huawei Summer School for Female Leadership in the Digital Age tem como meta fundamental não só reconhecer o imenso potencial do talento feminino no âmbito das Tecnologias de Informação e Comunicação, mas também apoiá-lo de forma proativa, capacitando a nova geração a liderar a revolução tecnológica. Trata-se de um evento que, além de reunir estudantes dos estados-membros da UE para uma experiência formativa nas áreas de tecnologia e liderança, vai contar com a presença de speakers de reconhecido mérito a nível europeu, incluindo nomes como Elvira Fortunato, Vice-Reitora da Universidade Nova de Lisboa e vencedora do Prémio Pessoa em 2020, Sandra Ribeiro, Presidente da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, Luísa Ribeiro Lopes, Coordenadora-Geral do INCoDe.2030, entre outros.
Para mais informações sobre a 1.ª edição do Summer School for Female Leadership in the Digital Age, pode consultar o site oficial em https://www.europeanleadershipacademy.eu/.
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