Apesar de ter um impacto igualmente adverso como a violência offline, a violência digital permanece largamente escondida atrás de um véu de desculpas. De acordo a Kaspersky, os esforços para manter um parceiro seguro, ou as suspeitas de infidelidade, são justificações amplamente aceites para a monitorização digital numa relação. No entanto, os autores de violência doméstica podem usar este raciocínio para esconder o seu comportamento coercivo e controlador.
A empresa global de cibersegurança Kaspersky e a European Network for the Work with Perpetrators of Domestic Violence (WWP EN) juntaram forças para aumentar a sensibilização para os abusos disfarçados de ações aparentemente carinhosas. A campanha digital dedicada #NoExcuse4Abuse, que decorreu de 13 a 15 de Setembro de 2022, visou mudar o foco da sugestão de como os sobreviventes devem responder a esta violência, para destacar a responsabilidade dos autores e mostrar o comportamento abusivo mais comum nas relações que devem ser mudadas.
Por exemplo, o último estudo encomendado pela Kaspersky mostra que 30% dos inquiridos em todo o mundo acreditam que espiar um parceiro sem o seu consentimento é aceitável (pelo menos em algumas circunstâncias), enquanto 15% são exigidos pelo seu parceiro para instalar uma aplicação de monitorização, o que é uma estatística alarmante. Além disso, as mulheres são significativamente mais suscetíveis de serem vítimas de abusos domésticos nas mãos do seu parceiro (30% vs 19%) do que os homens.
Os cartões digitais desenvolvidos para a campanha #NoExcuse4Abuse são maioritariamente dirigidos a homens que exibem comportamentos abusivos através de ferramentas digitais e tentarão interromper o raciocínio que os impede de abordar a sua violência.
“A tecnologia pode ser uma enorme ajuda e abrir oportunidades infinitas, mas ao mesmo tempo pode ser uma fonte de ameaças e de perigo na vida real. Trabalhando em ciber-segurança, sabemos isso muito bem. Com o aumento do software de localização, da banca online, dos meios de comunicação social, do geotagging, os abusadores têm agora mais ferramentas do que nunca. Sentimos que é importante quebrar o preconceito em torno deste tópico e ajudar as vítimas a reconhecer os sinais de possível abuso digital". Comenta Maria Losyukova, Head of Sustainability na Kaspersky.
Anna McKenzie, Communications manager na WWP EN, reforça “Se queremos acabar com a violência doméstica, temos de começar a falar sobre as inúmeras formas como a tecnologia digital está a ser utilizada para controlar e assediar as mulheres. Os comportamentos digitais abusivos têm-se tornado tão normalizados que muitos homens nos programas dos nossos membros nem sequer têm consciência de que os seus comportamentos constituem violência. Orgulhamo-nos de lançar uma luz sobre as desculpas frágeis utilizadas para justificar o abuso facilitado pela tecnologia com a campanha #NoExcuse4Abuse".
A Kaspersky tem estado activamente envolvida na luta contra os stalkerware sendo um dos fundadores da Coligação Contra o Stalkerware (CAS), um grupo de trabalho internacional dedicado ao combate aos stalkerware e à violência doméstica. A European Network for the Work with Perpetrators of Domestic Violence (WWP EN) é também uma das organizações fundadoras da coligação, contribuindo grandemente para a luta contra as aplicações perseguidoras. A perícia fornecida pela WWP EN, e a experiência da organização no trabalho com várias formas de agressores e perpetradores, permite-lhe desenvolver formas eficazes de combater o stalkerware.
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