6 vantagens e 4 desvantagens para pessoas e organizações
Num contexto em que a saúde mental assume um papel vital no mundo laboral, as organizações empresariais começam a enquadrar programas sabáticos como forma de proporcionar bem-estar às suas pessoas, prevenir o burnout, atrair e reter talento. A Adecco Portugal analisa as vantagens e desvantagens destas licenças ‘emprestadas’ do meio académico, mas deixa o alerta: se bem organizados e claramente definidos para assegurar o retorno do investimento, tanto para a empresa como para os colaboradores, estes programas são um recurso de grande valor.
O burnout está a tornar-se uma epidemia entre a força de trabalho atual. Após anos de trabalho de longas horas sem realmente e verdadeiramente se desligar, as pessoas sentem-se mais esgotadas do que nunca, de acordo com variadíssimos estudos que focam este problema, que se agravou durante a pandemia.
A Great Resignation (ou demissão em massa) é uma tendência permanente. À escala global, os profissionais estão sedentos de mudança, trocando os seus empregos existentes por outros melhores. Mas o que é mais valorizado? Não é (somente) o dinheiro. Para além do salário, ambiente de trabalho e desenvolvimento de carreira, as pessoas valorizam flexibilidade, saúde e segurança e bem-estar quando optam por ficar ou aderir a uma organização, conforme ficou explícito no estudo do Grupo Adecco ‘Exploring Workers Professional Aspirations’.
O Grupo Adecco revela que 4 em cada 10 pessoas sofreram de excesso de trabalho e de esgotamento ao longo de 2021. 34% das mulheres afirmaram que o bem-estar mental piorou no último mês. É ainda pior para os líderes mais jovens: 54% dos jovens líderes afirmam ter sofrido um esgotamento.
Embora as licenças de longa sabáticas (comumente conhecidas como licenças sem vencimento) ainda não sejam um benefício comum (um conceito emprestado pelo meio académico para desenvolvimento profissional e pessoal), empresas de todas dimensões e setores de atividade estão a experimentar programas sabáticos que não exclusivos para formação, tal como está enquadrado na lei portuguesa. Algumas empresas concordam que uma pausa prolongada pode ser a melhor forma de recarregar, aumentar a produtividade e evitar o esgotamento.
De alertar que, em Portugal, a licença sem retribuição está prevista no artigo 317º do Código do Trabalho e permite ao colaborador pedir ao empregador para se ausentar do seu local de trabalho durante um determinado período de tempo para fazer formação, mediante determinadas circunstâncias e por um período circunscrito. Nesse período, o profissional encontra-se dispensado do cumprimento do dever de assiduidade e estão suspensos os direitos e obrigações dependentes da prestação efetiva de trabalho, como o pagamento do salário.
Mas será que no futuro, tendo em conta os estudos recentes sobre o bem-estar e saúde mental dos profissionais, este caminho de programas específicos de licença sem vencimento, de comum acordo entre empregador e funcionário, poderão vir a ser experimentados em Portugal e devidamente enquadrados na lei? A Adecco Portugal deixa a lista das vantagens e desvantagens de se trilhar este caminho.
VANTAGENS E DESVANTAGENS EM OFERECER LICENÇAS PROLONGADAS
As licenças sabáticas académicas são eficazes para estimular a moral, permitindo o estudo, a investigação e as viagens, tendo um efeito positivo na instituição e fazendo a diferença no avanço de uma carreira docente.
No mundo dos negócios, as licenças prolongadas são períodos de tempo de ausência do trabalho, remunerados ou não, acordados entre o empregador e o colaborador. Alguns estudos indicam que uma pausa prolongada pode ajudar a combater o esgotamento. O número de empresas que permitem aos colaboradores tirar vários meses de férias para recuperar do stresse relacionado com o trabalho está a aumentar.
Para além do esgotamento, há muitas mortes prematuras associadas ao excesso de trabalho. A Organização Mundial de Saúde e a Organização Internacional do Trabalho descreveram longas horas de trabalho como "um grave perigo para a saúde" para as pessoas que trabalham pelo menos ou mais de 55 horas por semana.
No entanto, há prós e contras em oferecer licenças sabáticas tanto para empregadores como para colaboradores.
Vantagens dos períodos sabáticos
Impulso da saúde mental e física: o Grupo Adecco revela que os profissionais apelam a uma maior flexibilidade a longo prazo. Tirar um período sabático pode ajudar a oferecer aos colaboradores a possibilidade de alcançar maior work/life balance e aliviar o stresse laboral e a ansiedade na carreira.
Pausas prolongadas podem ajudar a combater o esgotamento: a obtenção de um bom work/life balance é fundamental para evitar o esgotamento e, como estudos demonstraram, uma pausa prolongada pode ajudar na recuperação de uma situação de burnout.
Aumento das taxas de retenção de colaboradores: os melhores talentos podem sentir-se mais leais a uma organização com melhores benefícios, tais como um programa sabático para os seus colaboradores. Além disso, contribui para que as pessoas se sintam apreciadas pela empresa no longo prazo.
A política de folga do trabalho como uma vantagem para recrutar talentos: as pessoas confirmam que valorizam benefícios adicionais para se juntarem a uma empresa. Em recentes anúncios de emprego, os recrutadores começaram a destacar benefícios tais como trabalho à distância, ou flexibilidade horária e políticas de folgas.
Aquisição de novas aptidões e competências: é possível que as pessoas possam regressar ao trabalho não só com novas ideias, mas também com novas aptidões. Uma licença sabática com o objetivo de expandir a experiência, as competências, aprender coisas novas ou avançar nas qualificações académicas ajudará os empregados a aumentar a sua confiança nas suas carreiras.
Elevada moral e produtividade dos funcionários: Quando um empregado regressa de uma licença sabática, pode ficar entusiasmado por mergulhar de novo no seu trabalho com ideias novas e bem descansado.
Desvantagens dos períodos sabáticos
Custo em tempo e dinheiro: uma licença de longa duração pode ser dispendiosa tanto para os empregadores como para os colaboradores. OS colaboradores devem começar a planear uma licença sabática com pelo menos dois anos de antecedência para reverem os objetivos da carreira e a forma como irão financiar esta pausa do trabalho. Para as empresas, os períodos sabáticos podem acarretar desafios administrativos adicionais.
Desafios de rutura de negócios e tensão financeira para a empresa: para além dos custos e para evitar qualquer perturbação dos negócios, os empregadores devem também planear cuidadosamente. A contratação de colaboradores interinos ou consultores para cobrir a vaga sabática poderia criar desafios administrativos adicionais, incluindo esforços para acelerar a nova contratação a fim de evitar a interrupção do negócio. A carga de trabalho adicional pode colocar um fardo sobre a equipa. Como resultado, as empresas devem considerar ter um processo de aprovação que coordene o tempo livre para assegurar que as necessidades empresariais são continuamente satisfeitas.
Desconexão emocional: os colaboradores podem sentir-se desligados da sua vida ou local de trabalho anterior após o regresso ao escritório e após as experiências adquiridas durante uma licença sabática. As empresas devem considerara possibilidade de acrescentar eventos de formação de equipas para ajudar os profissionais a sentirem-se ligados aos seus colegas.
A transição de volta ao trabalho poderá ser difícil: muitas empresas garantem aos seus colaboradores uma posição no regresso da sua licença, mas pode ser difícil encontrar exatamente o mesmo lugar quando a pessoa regressa, devido à reorganização ou outras mudanças dentro da empresa.
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