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Cinco tendências no setor dos pagamentos

Cinco tendências no setor dos pagamentos
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 Cinco tendências no setor dos pagamentos 

Um mundo em transição


2022 foi, em muitos aspetos, um ano de transição. Felizmente, grande parte do mundo transitou de meses de confinamento para um novo normal, de evolução lenta mas segura. Passámos de uma forma de trabalho totalmente remota para modelos híbridos; de uma recuperação económica crescente para uma grande incerteza económica a curto prazo, e continuamos empenhados na transição global de pagamentos em numerário para pagamentos digitais. 

Ao projetarmos 2023, conseguimos identificar cinco tendências na forma de efetuar pagamentos.


1. Viagens de negócios e viagens de lazer exponenciam os gastos no retalho 

Ao longo de 2022, em grande parte devido à reabertura das fronteiras, existiu uma recuperação global no que diz respeito às viagens, fazendo crescer uma procura reprimida, algo que esperamos que continue a acontecer em 2023 (com a região Ásia-Pacífico agora também a abrandar os seus controlos fronteiriços). Um estudo realizado recentemente pela Visa revelou um aumento generalizado no valor médio gasto por viajante no estrangeiro entre junho e agosto deste ano, um dado relevante para o retalho e para as tradicionais categorias de viagens, como hotéis, restaurantes e entretenimento. 

Embora as viagens de negócios tenham sido parcialmente retomadas, alguns turistas estão a aproveitar estes destinos de negócios, menos procurados, para viagens de lazer. Quando comparado com níveis de 2019, verificamos que o gasto médio por estadia é menor, em cada sete de 10 cidades de destino de negócios a nível mundial. À medida que a retoma das viagens continua e os destinos de negócios ganham terreno, as ofertas de viagens turísticas para cidades mais ‘empresariais’, vão persistir: com os hotéis e agências de viagens a manterem os mesmos preços elevados para as viagens de negócios, mas ao mesmo tempo a apresentarem descontos para as viagens de lazer. 

Com algumas fronteiras por abrir, nomeadamente na China, é provável que ainda haja um crescimento das viagens e das despesas no retalho. Os dados da Visa revelam que as compras efetuadas por turistas estrangeiros recuperaram em 63% dos 500 destinos mais visitados antes da pandemia – um número que provavelmente continuará a crescer em 2023. 


2. Consumidores mais conscientes e com comportamentos mais sustentáveis 

Ao voltarem a sair de casa, seja para trabalho ou para lazer, os consumidores, que hoje centram cada vez mais as suas preocupações em questões como a sustentabilidade e as alterações climáticas, refletem-nas nos seus comportamentos e padrões de consumo. De acordo com um estudo da Skift e McKinsey, 40% dos viajantes a nível mundial estão dispostos a pagar até mais 2% por bilhete para viajar num avião com emissões de carbono neutras. Os dados mostram que até agora apenas 14% dos viajantes o fizeram. Durante 2023, esperamos que, com a chegada de novas opções sustentáveis ao mercado, mais consumidores adiram às mesmas. 

Ofertas, como o pacote de benefícios Visa Eco e a parceria com a Ecolytiq, disponibilizam aos consumidores acesso a mais benefícios e a mais informação, que alertam para a consciência climática ou que ensinam a fazer o cálculo da pegada de carbono. Assim, é possível fazer escolhas mais informadas e sustentáveis na altura do pagamento. 

O Recommerce - ou comércio circular, em que o Aluguer, a Recarga, a Reparação, a Revenda, a Devolução e a Redistribuição de bens estão na base de escolhas mais sustentáveis – está, também, a ganhar popularidade, com 69% dos consumidores (que participaram num recente inquérito da Visa) a afirmarem que escolheriam retalhistas com base nas suas atividades de Recommerce. No próximo ano, contamos com mais benefícios em cartão para consumidores que façam escolhas sustentáveis, e maior acesso a ferramentas que os ajudem a visualizar o impacto das suas ações.

A conveniência tem um papel fundamental nas escolhas e na rotina mais sustentável dos consumidores diariamente. Por exemplo, a possibilidade de pagar um bilhete num transporte público utilizando um cartão de crédito, débito ou pré-pago contactless, ou um outro dispositivo, significa que as pessoas já não precisam de imobilizar fundos num determinado cartão de transporte, num bilhete de papel, ou de andar com dinheiro, até quando procuram um táxi. Um segundo inquérito da Visa sobre o Futuro da Mobilidade Urbana concluiu que 91% dos viajantes inquiridos esperam que os pagamentos contactless passem a fazer parte da sua experiência de transporte. No futuro, esperamos que a solução de pagamento contactless se torne um modelo a seguir no setor dos transportes públicos –proporcionando uma experiência de transporte mais inclusiva, eficiente e sustentável, tanto para os passageiros, como para os operadores. E com a rede da Visa a ultrapassar mil milhões de transações tap-to-ride em sistemas de trânsito globais em apenas dez meses em 2022, com o fecho do ano fiscal em mais de 1,2 mil milhões, não prevemos sinais de abrandamento. 


3. B2B prevê uma versão 3.0

A inovação na indústria de pagamentos B2B irá impulsionar outra onda de transformação digital. A partir de 2023 veremos uma versão 3.0 de Pagamentos B2B – uma versão onde a nova fronteira do comércio global B2B é totalmente digital, segura, rápida, flexível e ininterrupta. Assistiremos a um aumento dos pagamentos móveis B2B, uma vez que a preferência das empresas por poderem pagar e ser pagas através do telefone está a aumentar. A digitalização deste tipo de pagamentos vai alimentar as compras no comércio eletrónico B2B.

Mais empresas B2B estão agora a oferecer a possibilidade de pagamentos online, e espera-se que 80% das transações B2B, até 2025, sejam digitais. A digitalização do processo comercial continuará a acelerar estas transações e as ofertas de pagamento integradas, muito além dos cheques e faturas em papel. As equipas já perceberam os muitos benefícios do envio de faturas eletrónicas e da receção de pagamentos digitais. Cada vez mais Governos estão a fazer progressos na digitalização dos pagamentos, por exemplo, sob a forma de reembolsos para os cidadãos. O ciclo da inovação vai continuar, o ecossistema vai proporcionar cada vez mais ferramentas e funcionalidades que permitirão agilizar os pagamentos e as operações comerciais.


4. O Inverno Cripto, e os crescimentos paralelos

Os mercados cripto tiveram a sua quota-parte de volatilidade ao longo do último ano. Embora o futuro ainda seja uma incógnita, durante o atual Inverno cripto, esperamos que uma série de (pré) conceitos se desvaneçam, enquanto que outros, focados na adoção de uma abordagem ponderada e em linha com o novo desenvolvimento tecnológico, continuem a desenhar soluções Web3 significativas, tanto para empresas como para consumidores. Como consequência das recentes falhas de liquidez, esperamos que as plataformas de mercado descentralizado em todo o mundo se esforcem por assegurar a devida segurança e a divulgação de informações credíveis aos seus clientes. 

Num futuro mais imediato, assistiremos a um enfoque contínuo por parte de Governos, bancos centrais, instituições financeiras tradicionais e fintechs, em dinheiro e pagamentos programáveis – seja para o CBDC, criptomoedas ou outras formas de moeda fiduciária tokenizada. Para breve, esperamos que os pagamentos através da Web3 incluam folhas de pagamento e micropagamentos em stream e reembolsos internacionais.

Por último, estamos a ver as marcas a apostar na tecnologia de NFT para construir novas experiências digitais, e a libertar potencial para novos tipos de comércio, pagamentos, e experiências de fidelização. Estas experiências estão frequentemente associadas à criação de avatares, itens digitais que acompanham os físicos e vice-versa, e plataformas de fidelização. Durante o próximo ano, as marcas procurarão aprofundar as suas relações e compromissos com os seus clientes, e esperamos que esta tendência acelere. Conseguir-se-ão, assim, desbloquear novas experiências de comércio, pagamentos, benefícios, ou fidelização entre consumidores e marcas.


5. A fraude adapta-se a um mundo ‘híbrido’

À medida que o mundo adota cada vez mais um estilo de vida de trabalho ‘híbrido’, os burlões acompanham-no, adaptando estratégias, e encontrando novas formas de enganar os consumidores. Num contexto em que voltámos a comprar voos, reservar hotéis e pagar comida, fazendo todo o tipo de compras pelo caminho, os burlões têm cada vez mais oportunidades de aceder a dados confidenciais. Com a aviação a regressar rapidamente ao normal, é provável que continuemos a assistir a um aumento das fraudes internacionais. Uma sondagem recente da Visa revelou que mais de metade (58%) dos viajantes declararam estar preocupados com a possibilidade de fraude nos seus cartões de crédito ou débito durante as viagens.

Talvez a mais recente ameaça emergente possa ser a fraude na identificação sintética  (fraude de identidade) – quando os autores de fraude montam uma nova persona a partir de vazamentos de informações e dados reais por parte dos utilizadores. Acreditamos que as pequenas empresas continuem a ser os principais alvos, uma vez que muitas vezes não dispõem de recursos ou conhecimento necessários para dar prioridade a ferramentas e a outras medidas de segurança. 

Tudo isto significa que a segurança e a confiança continuarão a ser críticas. A inovação nos sistemas de autenticação e na proteção dos utilizadores, com ferramentas como o EMV 3D Secure (EMV 3DS), vêm ajudar a tornar mais seguro o comércio eletrónico global em tempo real. Os métodos de pagamento digitais e soluções como os cartões virtuais, continuarão a tornar as operações, da compra de bilhetes de avião até à divisão da conta do jantar, mais fáceis e seguras. As empresas também se tornarão mais conscientes da importância de evitar a fraude, e da importância do investimento em ferramentas de segurança e apólices de seguro que possam ajudar a mitigar o impacto de possíveis violações.


Um mundo em transição

Embora a transição para o digital esteja bem encaminhada – e tenha acelerado durante os anos de pandemia – são muitos os que ainda permanecem de fora, onde se incluem 29% de adultos de países menos desenvolvidos, que estão fora do sistema financeiro formal, e 43% de adultos das economias emergentes, que dependem apenas de dinheiro (tradicional). Espera-se que os ganhos de produtividade resultantes da adoção de tecnologia e do digital venham a representar 70% de todo o novo valor gerado pela economia global, contudo, há ainda muito trabalho a desenvolver.


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