Discussões conjugais no verão. Como lidar com elas?
A psicóloga Catarina Lucas explica como identificar e lidar com as discussões conjugais durante as férias de verão
O verão é sinónimo de descanso, mas durante as férias, aumenta a probabilidade de atritos entre casais pelo maior tempo passado juntos e em família. Perante esta época de perigo que pode acabar por afetar negativamente uma relação, a psicóloga Catarina Lucas explica como identificar e lidar com as discussões conjugais durante esta altura do ano.
Todos os casais discutem e é normal e saudável que os casais expressem as suas necessidades e incómodos para a relação crescer. Contudo, a psicóloga Catarina Lucas alerta para o facto de, por vezes, estas discussões escalarem para níveis extremos, onde o respeito mútuo se perde e a rutura da relação poderá ser o desfecho mais provável.
A paz e a tranquilidade sentida durante a época do verão poderão não se refletir na conjugalidade, dado ser um momento mais propício para os desacordos entrarem em ação, seja porque um gostava de passar férias num país quente e o outro num país frio; ou porque um gostaria de levar a família e o outro preferia um momento a dois.
“Vontades não coincidentes que levam os casais a discutir por decisões, à partida fúteis, mas que não são fáceis de gerir e de chegar a um acordo em conjunto”, diz a psicóloga.
Numa altura que pede descanso, Catarina Lucas aconselha os casais que se deparam com discordâncias ao longo das férias de verão no sentido de não se deixarem levar pelos “pequenos arrufos por pequenas coisas”, que depois poderão contribuir para distanciar emocionalmente o casal.
O primeiro passo, conta a psicóloga, é interiorizar que “uma boa relação só terá futuro se implicar compreensão, aceitação e capacidade de perdoar por ambas as partes”. Tudo começa com a comunicação, “pois por muito que se conheça o cônjuge, ainda há quem tenha medo de dizer ao outro o que sente e a consequência disto surge com as discussões frequentes sobre motivos que o/a companheiro(a) nem estava à espera”.
Quando tal acontece, já os ânimos estão exaltados e o respeito um pelo outro deixa de existir. O ideal será ambos comprometerem-se a conversar da melhor forma, de modo a prevenir futuros diferendos.
Passar as férias juntos implica também o convívio entre si durante 24 horas por dia, o que contribui para acender conflitos quando a paciência começa a esgotar. “É importante ressalvar que precisar de um espaço para si, para pensar e gerir as suas emoções numa relação também faz parte e esta dica revela-se fundamental para que a falta de paciência entre o casal seja controlada”.
O dinheiro e a confiança também poderão ser temas de possível conflito. “Ou porque um não tem cuidado quanto aos gastos e o outro é preocupado demais, um conflito habitual que, durante o verão, poderá ser ainda mais despoletado, uma vez que cada indivíduo carrega conceitos pré-concebidos de infância em relação ao dinheiro, o que poderá vir a desestabilizar o sossego da relação”, explica a psicóloga Catarina Lucas.
Já em relação à confiança, surgem questões como “Quem te mandou mensagens? Quem comentou as tuas fotos nas redes sociais? Quem é aquele teu/tua amigo(a)?” que podem suscitar dúvidas no(a) companheiro(a) e trazer à tona os conhecidos ciúmes, “um dos motivos mais frequentes das separações entre casais e de graves discussões”, conta.
A psicóloga Catarina Lucas deixa o conselho para que os casais, durante esta altura do ano, se dediquem ao amor, mas, se porventura as discussões surgirem, o importante será, mais do que tentar fazer valer um certo ponto de vista, realmente ouvir com atenção o que o(a) parceiro(a) tem a dizer, no sentido de compreender e nunca criticar ou “apontar o dedo”.
“Os desentendimentos devem ser resolvidos em equipa, através da procura conjunta de soluções, e não se tratar de averiguar quem tem razão e quem deixa de a ter, pois o orgulho, o ego e a agressividade só matam uma relação”.
Neste sentido, a psicóloga Catarina Lucas apela: “A adaptação é constante nas relações, mas as disputas, críticas e culpabilização nunca o poderão ser. Só a comunicação e um debate saudável é que poderão trazer benefícios para uma relação e voltar a manter a chama acesa”.
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