Crianças são um alvo fácil para os cibercriminosos
Com a maioria das crianças a ter acesso, ou a possuir, um smartphone ou um tablet, a idade com que começam a familiarizar-se com o mundo digital e com a tecnologia vai diminuindo. É por isto que os pais devem estar muito informados em relação às ameaças de cibersegurança direcionadas às crianças, de forma a protegê-los deste mal.
Os especialistas da Kaspersky abordam as principais tendências de cibersegurança a que os pais devem estar atentos e fornecem dicas sobre como proteger as atividades online dos mais novos. Estas são algumas das principais conclusões dessa análise:
Cresce o uso da IA pelas crianças
De acordo com uma investigação realizada pela Nações Unidas, cerca de 80% dos jovens afirmaram interagir com a IA várias vezes por dia. Com o seu desenvolvimento, surgiram aplicações com características aparentemente inofensivas como carregar uma fotografia para receber uma versão modificada. No entanto, quando as crianças carregam as suas imagens nessas aplicações, nunca sabem em que bases de dados as suas fotografias são guardadas e se serão utilizadas posteriormente ou não.
Além disso, as aplicações de IA, especificamente os chatbots, podem facilmente fornecer conteúdos inadequados à idade quando solicitados. Por exemplo, existe uma grande quantidade de chatbots de IA que são especificamente concebidos para proporcionar uma experiência "erótica". Embora alguns exijam uma forma de verificação da idade, é igualmente perigoso visto que as crianças podem optar por mentir sobre a sua idade e a prevenção aplicada torna-se é insuficiente.
Jogos populares são um alvo
Segundo as mais recentes estatísticas online, 91% das crianças com idades compreendidas entre os três e os 15 anos jogam jogos em qualquer dispositivo. Para alguns destes jogos, a conversação por voz e texto sem moderação é uma realidade. Com cada vez mais utilizadores jovens no mundo digital, os cibercriminosos podem criar confiança virtualmente da mesma forma que o fariam pessoalmente.
Em primeiro lugar, atraem-nos com presentes ou promessas de amizade. Uma vez conquistada a sua confiança, conseguem obter informações pessoais sensíveis através de uma hiperligação de phishing. Esta ligação permite descarregar um ficheiro malicioso para o seu dispositivo, disfarçado de mod de jogo para Minecraft ou Fortnite.
Serviços financeiros para jovens na mira
Um significativo número de bancos está a oferecer produtos e serviços especializados adaptados aos mais novos, incluindo cartões bancários concebidos para crianças a partir dos 12 anos. No entanto, com a introdução de cartões bancários para crianças, estas tornam-se suscetíveis a agentes de ameaças com motivações financeiras e vulneráveis a fraudes convencionais.
A promessa de uma PlayStation 5 grátis ou outros bens valiosos após a introdução dos dados do cartão num site de phishing, são algumas técnicas de engenharia social utilizadas os cibercriminosos. Para explorar a confiança das crianças, muitos fazem-se passar por colegas e solicitam a partilha de dados do cartão ou transferências de dinheiro para as suas contas.
Ameaças IoC podem afetar as crianças
Apesar do aumento do número de ameaças a dispositivos domésticos inteligentes, os fabricantes não estão a apressar-se a criar tecnologia que seja imune e que previna potenciais explorações de vulnerabilidades. Isto significa que as crianças podem tornar-se ferramentas para os cibercriminosos.
Por exemplo, se um dispositivo inteligente se tornar uma ferramenta de vigilância totalmente funcional e uma criança estiver sozinha em casa, os cibercriminosos podem contactá-la através do dispositivo e pedir-lhe informações sensíveis, como o seu nome, endereço ou o número do cartão de crédito dos pais. Neste cenário, para além da simples pirataria do dispositivo, existe também o risco de perda de dados financeiros ou mesmo de um ataque físico.
A importância do controlo parental
À medida que as crianças amadurecem, começam a desenvolver uma maior consciência de si próprias, compreendendo o seu espaço pessoal, a sua privacidade e os seus dados sensíveis, tanto offline como online. Consequentemente, quando um pai comunica a intenção de instalar uma aplicação digital de controlo parental no dispositivo do seu filho, nem todos o farão calmamente.
É por esta razão que os pais precisam de discutir a experiência online dos seus filhos com eles e explicar-lhes a importância das aplicações digitais de controlo parental na segurança online, respeitando sempre o seu espaço pessoal. Para tal, é necessário estabelecer limites e expectativas claras e discutir em conjunto as razões da utilização da aplicação.
O perigo das apps (mesmo nas lojas oficiais)
Se uma aplicação não estiver disponível no seu país, os jovens utilizadores procurarão alternativas e a probabilidade de fazerem o download de uma cópia maliciosa é elevada. Mesmo que recorram às lojas de aplicações oficiais, como o Google Play, correm o risco de ser vítimas de cibercriminosos.
De 2020 a 2022, os investigadores da Kaspersky encontraram mais de 190 aplicações infetadas com o cavalo de Troia Harly, que inscrevia os utilizadores em serviços pagos sem o seu conhecimento. Uma estimativa conservadora do número de descarregamentos destas aplicações é de 4,8 milhões, mas o número real de vítimas pode ser ainda maior.
De acordo com Andrey Sidenko, especialista em segurança e privacidade na Kaspersky, “muitas das tendências que se estão a verificar na sociedade também estão a afetar as crianças, tornando-as alvos potenciais para os atacantes. Isto inclui o desenvolvimento e a popularidade da IA e das casas inteligentes, bem como a expansão do mundo dos jogos e da indústria FinTech. Por conseguinte, é crucial ensinar às crianças, desde cedo, sobre as noções básicas de cibersegurança, como não cair na armadilha dos cibercriminosos, quais as ciberameaças que podem ocorrer durante os jogos e como proteger adequadamente os seus dados pessoais. Tudo isto é agora um conhecimento obrigatório não só para os adultos, mas também para os utilizadores mais jovens”.
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