Toda a criança nascida no novo milênio tem o direito de viver até a idade de, pelo menos, 65 anos sem sofrer de doença cardiovascular evitável.
A Fundação Portuguesa de Cardiologia institucionalizou o dia 14 de fevereiro como o “Dia Nacional do Doente Coronário”. Também por proposta da Fundação Portuguesa de Cardiologia, este dia, desde 2020, está a ser comemorado em todo o espaço da Comunidade Europeia.
As doenças do aparelho circulatório (DAC) continuam a ser a principal causa de morte em Portugal. Cerca de 1/3 dos óbitos que ocorrem todos os anos são por doença do aparelho circulatório. O enfarte agudo do miocárdio (ataque cardíaco) e o AVC são grandes responsáveis por essa mortalidade.
1 em cada 5 portugueses com menos de 70 anos morre por doença do aparelho circulatório.
Infelizmente, para estes, de nada serve o Dia do Doente Coronário.
O Dia do Doente Coronário é para os que cá ficam. É para os familiares destes que já partiram. É para os amigos que cá ficaram. É que 80% das mortes antes dos 70 anos de idade que ocorram por doença cardíaca podem ser evitadas.
Um homem com 55 anos, fumador com uma tensão arterial ligeiramente elevada e um colesterol acima do recomendado, tem um risco cardiovascular de 20%.
Quer dizer que, em 100 pessoas nas mesmas circunstâncias, 20 irão ter um evento cardiovascular que poderá ser fatal. No entanto, se deixar de fumar passarão a ser 12 em 100, se tiverem uma tensão arterial ideal (inferior a 120 de máxima) passarão a ser apenas 10 e se tiverem uma tensão ideal e deixarem de fumar serão apenas 6.
A doença cardiovascular é não só a que mais mata, mas também a que mais incapacita.
A insuficiência cardíaca, as sequelas do AVC, ficam. A esperança de vida tem vindo a aumentar graças à capacidade interventiva dos profissionais de saúde. Há cada vez mais medicamentos e procedimentos cirúrgicos capazes de manter vivos os que há alguns anos inevitavelmente morriam. Temos um SNS com profissionais muito competentes, com serviços bem equipados com equipas bem treinadas. Mas a incapacidade e a diminuição da qualidade de vida que a Doença Cardiovascular provoca irá acompanhar-nos para o resto das nossas vidas, por muitos mais anos que possamos viver.
É para os familiares e amigos dos que já partiram e que podiam ainda cá estar que existe o DIA DO DOENTE CORONÁRIO.
Dr. Luis Negrão – Assessor Médico da Fundação Portuguesa de Cardiologia
Dr. Carlos Catarino – Membro do Conselho de Administração da Fundação Portuguesa de Cardiologia
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