Armazenamento e partilha de imagens íntimas aumentam o risco de abusos, afirma Kaspersky
Um estudo global da Kaspersky revela uma mudança fundamental nas atitudes dos utilizadores e uma alteração nas regras das interações sociais e românticas na era digital:
- Quase um quarto (22%) das pessoas têm imagens explícitas de si próprias guardadas nos seus dispositivos, com as taxas mais elevadas entre os grupos etários entre os 16 e os 24 anos (34%) e entre os 25 e os 34 anos (34%).
- Um quarto (25%) dos inquiridos partilharam imagens suas com pessoas com quem namoram ou com quem conversam, sendo que o número aumenta novamente entre os 25 e os 34 anos (39%).
- Significativamente, 8,4% dos inquiridos admitiram ter partilhado imagens para fins de vingança e 9,1% para assustar outras pessoas.
O estudo “A verdade nua e crua: como a partilha de imagens íntimas remodelou
o nosso mundo” foi conduzido junto de uma amostra superior a 9000 pessoas, sendo
uma das maiores investigações alguma vez feitas sobre esta matéria, revelando a
dimensão das imagens explícitas captadas, armazenadas e partilhadas em
dispositivos inteligentes de utilizadores de todo o mundo.
Os resultados estão correlacionados com a experiência generalizada
de abuso de imagens íntimas (AII), também conhecido como "pornografia de
vingança", com quase metade (46%) de todos os inquiridos a declarar que
sobreviveram (7%) ou conhecem alguém que sobreviveu a esta forma de abuso online.
O AII é particularmente acentuado entre as gerações mais jovens, com 69% dos
inquiridos entre os 16 e os 24 anos e 64% dos inquiridos entre os 25 e os 34
anos a relatarem experiências deste tipo.
"A nossa investigação destaca a crescente normalização de uma
questão social crítica: o público, especialmente os indivíduos mais jovens,
está a partilhar imagens íntimas em números cada vez maiores sem considerar as
consequências a longo prazo", explicou David Emm, Investigador Principal de Segurança,
Equipa de Análise e Investigação Global da Kaspersky.
Segundo o mesmo especialista, "nos últimos 25 anos, a
tecnologia tornou fácil a captura e a partilha de tais imagens, e houve
mudanças significativas no comportamento e nas atitudes em relação aos
encontros online, acelerando a tendência de partilha de mensagens íntimas. A
consciência dos riscos que estão a ser corridos pode capacitar as pessoas a
fazer escolhas digitais mais informadas."
Existe um
desequilíbrio significativo entre os géneros, quando se trata de atitudes em
relação à partilha de imagens íntimas. Os dados mostram que 20% dos homens já
enviaram imagens de nudez a alguém que nunca conheceram na vida real e que 30%
dos homens inquiridos acreditam que receber uma imagem íntima lhes confere a
propriedade do conteúdo.
Por outro
lado, as mulheres demonstram uma atitude diferente. Cerca de 12% das inquiridas
refere que partilharam imagens explícitas que receberam com outras pessoas, de
forma não maliciosa, e 27% dessas guiam-se pelos limites pré-estabelecidos nas
suas relações.
Apesar da prevalência da partilha de imagens e dos perigos associados, apenas
21% das pessoas que as partilharam solicitaram a sua eliminação do dispositivo
de outra pessoa. Esta percentagem indica uma preocupante falta de
sensibilização para as potenciais consequências da partilha de imagens íntimas.
O lado mais obscuro da partilha de
imagens íntimas é que o conteúdo pessoal partilhado pode ser utilizado como
arma para causar danos, intimidar ou humilhar uma pessoa.
O estudo também levanta a questão da "culpabilização da
vítima". De todos os inquiridos, exatamente metade (50%) acredita que, se um
utilizador partilhou uma imagem sua, a culpa será sempre do utilizador em
questão caso a sua imagem acabe por ser enviada à pessoa errada.
Sophie
Mortimer, diretora da
Revenge Porn Helpline da SWGfL, afirma: “Podemos constatar todos os dias que o abuso de imagens íntimas é
um problema permanente, mas este estudo mostra-nos onde temos de atuar: na
construção de um diálogo nacional e internacional sobre o significado e a
importância do consentimento, na melhoria dos conhecimentos sobre segurança online,
tanto para adultos como para jovens, e no esclarecimento de que, quando o abuso
de imagens íntimas acontece, a culpa é inteiramente dos perpetradores que as
partilham".
David Cooke, Diretor Sénior,
Trust & Safety Regulations and Partnerships da Aylo conclui, por seu turno:
"A educação e a prevenção são fundamentais para eliminar o problema
crescente da partilha não consentida de imagens íntimas (NCII). Embora a nossa
política de carregamento exija a identificação e o consentimento de todos os
intérpretes do conteúdo antes de este ser publicado, juntamente com a remoção
imediata de qualquer material ilícito comunicado é vital que mais plataformas online
adiram ao STOPNCII.org para evitar que haja mais vítimas. As parcerias intersectoriais,
como a da Aylo com a STOPNCII, são fundamentais para o desenvolvimento de
métodos mais rápidos e sofisticados de prevenção desta horrível forma de abuso online."
Conselhos para garantir a sua segurança:
- Pense antes de publicar. Tenha em atenção com quem e quando partilha os seus dados. Tenha sempre em conta a forma como o conteúdo que partilha online pode ser interpretado e utilizado por outras pessoas;
- Informe-se sobre as aplicações de troca de mensagens seguras e quais têm encriptação de ponta a ponta;
- Se acredita que está a ser vítima de AII (Abuso de Imagens Íntimas), guarde as evidências e comunique-as à polícia e às plataformas onde pensa que os seus dados estão disponíveis;
- Verifique sempre as definições de permissão nas aplicações que utiliza, para minimizar a probabilidade de os seus dados serem partilhados ou armazenados por terceiros - e não só - sem o seu conhecimento;
- Opte por uma solução de segurança fiável, como o Kaspersky Password Manager, para gerar e proteger as suas passwords únicas para cada conta. E resista à tentação de reutilizar a mesma password.
- Utilize o website StopNCII.org _ uma ferramenta online global para ajudar a proteger imagens íntimas de serem partilhadas online através de algumas das plataformas mais utilizadas em todo o mundo.
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