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Diferença dos salários dos portugueses com o ensino superior face ao secundário atingiu os 49% em 2023 e vulnerabilidade do mercado de trabalho à IA já tem contexto nacional

Diferença dos salários dos portugueses com o ensino superior face ao secundário atingiu os 49% em 2023 e vulnerabilidade do mercado de trabalho à IA j
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Edição 2024 do Estado da Nação sobre Educação, Emprego e Competências em Portugal da Fundação José Neves analisa o impacto positivo da educação no emprego e nos salários, a evolução do mercado de trabalho, o contributo do Ensino Profissional para a transição digital e o impacto da digitalização e da Inteligência Artificial
A edição 2024 do Estado da Nação: Educação, Emprego e Competências em Portugal, relatório anual da Fundação José Neves, foca-se no impacto positivo da educação no emprego e nos salários após a pandemia COVID-19 e destaca o importante contributo do Ensino Profissional para a transição digital. Aborda ainda o impacto da digitalização e da Inteligência Artificial na composição do trabalho, equacionando o aparecimento de um novo mercado de trabalho português. Conclui com a atualização da posição atual face às metas de desempenho para um Portugal do conhecimento em 2040 e apresenta caminhos para o futuro.

Trabalhadores com o Ensino Superior beneficiam de vantagem salarial significativa relativamente aos trabalhadores com o Secundário

Os trabalhadores mais qualificados são os que beneficiam de maiores retornos salariais. O ganho adicional de ter o Ensino Superior face ao Ensino Secundário foi, para a população entre os 18 e os 64 anos, de 49% em 2023. Não obstante, este valor tem vindo a cair na última década, sendo que em 2011 era de 71%.

No caso da população mais jovem, entre os 25 e os 34 anos, a vantagem salarial do Ensino Superior face ao Ensino Secundário foi de 34% em 2023. Face aos anos anteriores, verifica-se uma recuperação da vantagem salarial do Ensino Superior, depois do decréscimo verificado de 2021 para 2022, de 37% para 27%.

A vulnerabilidade à Inteligência Artificial (IA) enquanto substituto ou complemento do trabalho

O impacto da IA no mercado de trabalho é complexo, multifacetado e implica novos desafios, mas também oportunidades. A exposição à IA remete para a probabilidade das atividades que os trabalhadores realizam poderem ser substituídas (vulnerabilidade elevada) ou complementadas pela IA (vulnerabilidade baixa).

Em Portugal, as mulheres e os trabalhadores com níveis de educação mais elevado são os grupos em que a IA poderá ter um impacto maior. Em ambos os casos, a percentagem de trabalhadores que apresentam uma exposição elevada à IA e cujas tarefas podem ser substituídas pela IA é superior. No caso das mulheres, 15,1% estão em profissões de vulnerabilidade elevada e 5,9% em profissões com vulnerabilidade baixa. Para os homens, estes valores são de 9,4% e de 6,5%, respetivamente. Em termos etários, o grupo com maior vulnerabilidade elevada está na faixa dos 25 aos 34 anos, onde a percentagem de trabalhadores nessa categoria é de 14,7%.

A análise da vulnerabilidade por nível de remuneração mostra que são os trabalhadores com salários acima dos 2 mil euros quem poderá estar mais vulnerável aos desafios trazidas pela IA. Neste grupo, 24,3% têm exposição elevada à IA, e a sua utilização pode aumentar significativamente a sua produtividade (vulnerabilidade baixa), mas 26,3% estão em profissões de vulnerabilidade elevada, em que poderão ver as suas tarefas substituídas pela IA.

Uma análise setorial demonstra que são os trabalhadores no setor das Atividades financeiras e de seguros, das Atividades de informação e de comunicação e das Atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares que apresentam maior vulnerabilidade. Já no setor da Educação, a IA apresenta-se com o índice de complementaridade mais elevado, com 25,7% do emprego na categoria de “Vulnerabilidade baixa”.

51% dos dirigentes e gestores pertencem ao grupo de elevada exposição e complementaridade à IA (vulnerabilidade baixa), com as ferramentas da IA a potenciarem o seu desempenho profissional. No mesmo sentido, estão os profissionais das atividades intelectuais e científicas, onde 29% pertencem ao grupo mais exposto à IA, mas também mais complementar. Porém, neste último grupo profissional, 30% estão em profissões de elevada vulnerabilidade, em que poderão ver as suas tarefas substituídas pela IA.

No sentido inverso, os trabalhadores dos grupos profissionais “Pessoal administrativo” (36%) e “Técnicos e profissões de nível intermédio” (30%) são aqueles para quem a IA potencialmente tornará o seu emprego mais vulnerável, mais passível de ser substituído.

As empresas com maior digitalização têm mais produtividade e pagam melhores salários

Em 2023, a maioria das empresas apresentava um nível baixo ou médio de digitalização, sendo que é no setor das atividades de informação e de comunicação (58,5%) que se regista uma maior percentagem de empresas com nível elevado de digitalização, seguido do setor da energia e gestão de resíduos (58%).

A digitalização das empresas deu um salto considerável nos últimos anos, sobretudo entre 2019 e 2020, em que a percentagem de empresas com nível baixo caiu 11%, com os níveis médio e elevado a aumentarem 7% e 4%, respetivamente. No final de 2023, 39% de empresas tinham nível baixo, 34% nível médio e 27% nível elevado.

A dimensão das empresas é outro fator relevante para o índice de intensidade digital. Quanto maior a empresa, maior é o índice de digitalização. Este índice está igualmente associado a maior produtividade e a salários mais elevados. Entre os mais jovens, a intensidade digital do emprego mantém-se alta sobretudo entre os diplomados no Ensino Superior.

Ainda relacionado com a digitalização do emprego em Portugal, 11 em cada 100 trabalhadores portugueses trabalhava em casa de forma regular e com recurso a TIC no final de 2023. O teletrabalho passou a ser cada vez mais híbrido (aumentou 22% entre o 2º trimestre de 2022 e o 4º trimestre de 2023) e são sobretudo os mais jovens, em particular mestres e doutores, que mais deslocalizaram o trabalho para casa, especialmente nas áreas de Gestão (49,7%), do Ensino (61,9%) e das TIC (80,5%).

Em 2023 o mercado de trabalho recompôs-se e tornou-se mais qualificado devido à crescente intensidade digital das profissões

Entre 2019 e 2023, os níveis de emprego e de participação no mercado de trabalho português recuperaram a trajetória de crescimento anterior à pandemia. Em 2023 a população empregada estava nos 4,9 milhões, quando era de 4,8 milhões em 2019 e 4,6 milhões em 2020, em plena crise pandémica.

Neste período, o mercado de trabalho recompôs-se e tornou-se mais qualificado. Esta recomposição prende-se, em grande parte, com o crescimento do peso de setores mais intensivos em conhecimento e tecnologia, com profissões qualificadas associadas à gestão e às TIC e associadas a tarefas mais administrativas, que ganharam peso no emprego nos últimos anos.

Entre 2019 e 2023, uma análise da evolução do volume total de emprego – medido pelo total de horas semanais habitualmente trabalhadas – demonstra que foi sobretudo o emprego desempenhado por trabalhadores com Ensino Superior completo que cresceu do ponto de vista relativo, 24% entre os mais jovens (18 aos 34 anos) e 16% entre os trabalhadores adultos (35 aos 69 anos).

Verifica-se ainda que as ofertas de emprego com requisitos de qualificações ao nível do mestrado assumem cada vez maior importância. Um crescimento que parece ter acelerado sobretudo a partir de 2022, já numa fase pós-pandemia (de 35,6% em janeiro de 2022 para 38,5% em dezembro de 2023).

Desemprego jovem voltou aos números pré-pandemia, em particular nos jovens com o Ensino Superior, mas segue acima do desemprego global

O ano de 2023 assistiu a uma recuperação dos níveis de desemprego jovem para valores mais próximos dos registados antes da pandemia, dando sinais de uma recuperação quase completa.

No final de 2023, a taxa de desemprego dos jovens entre os 25 e os 34 anos de idade era de cerca de 7,4%, em contraste com uma taxa de desemprego global de 6,6%. Feitas as análises por qualificações, verifica-se que a taxa de desemprego dos diplomados do Ensino Superior foi de cerca de 5,3%, um valor bastante inferior aos 9% registado para os jovens da mesma idade sem esse nível de qualificações.

Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP) têm cada vez mais inscritos e áreas ligadas à tecnologia e à digitalização são as mais procuradas

Desde o seu início, em 2014, o número de alunos inscritos em CTeSP (promovidos pelo Ensino Superior Público Politécnico) tem vindo a aumentar de forma exponencial, tendo passado de 395 em 2014/15 para 21.263 em 2022/23.

A escolha de cursos CTeSP é mais frequente entre os diplomados de cursos profissionais do Ensino Secundário. Entre os inscritos num curso CTeSP em 2021/22, cerca de 76% vinham de cursos profissionais e 22% de cursos científico-humanísticos. Os cursos ligados à tecnologia e à digitalização são os mais procurados pelos alunos dos CTeSP, sendo que em 2022/23 cerca de 33% (1 em cada 3) dos inscritos estavam concentrados nas 5 áreas de educação e formação disponibilizadas a nível nacional ao nível das tecnologias. Uma evidência da importância deste ensino para a transição digital do país.

Já no Ensino Secundário, 1 em cada 3 jovens inscritos frequenta um curso profissional, número que se tem mantido constante ao longo dos anos. Entre as tendências crescentes, 24% dos diplomados do Ensino Profissional no Secundário prosseguiu para o Ensino Superior em 2022. A taxa era de 15% em 2015. As duas áreas de educação e formação com mais elevada taxa de transição do Ensino Profissional para o Ensino Superior são as Ciências Informáticas (35%) e Eletrónica e Automação (35%).

Metas para uma Sociedade do Conhecimento em 2040
  • Portugal nos 10 países da UE com mais emprego em tecnologia e conhecimento (em 2023 desceu da 16ª para a 17ª posição);
  • Pelo menos 25% dos adultos devem participar em educação e formação ao longo da vida (em 2023 aumentou para os 13,4%);
  • Máximo de 15% dos adultos (25 aos 64 anos) com baixa escolaridade (em 2023 desceu para os 40,6%);
  • Pelo menos 60% dos jovens adultos com o ensino superior (em 2023 desceu para 40,9%);
  • Pelo menos 90% dos jovens recém-formados empregados (em 2023 aumentou para os 78,8%).

Tendo em conta o diagnóstico feito neste relatório e a ambição para 2040, estas são algumas linhas de ação mais pertinentes e urgentes propostas pela FJN: 
  • Estimular a presença dos jovens no Ensino Superior, seja em cursos conducentes a grau superior (Licenciaturas, Mestrados e Doutoramentos), seja em Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP).
  • Promover o Ensino Profissional junto da sociedade civil e do mercado de trabalho, sublinhando o seu significativo contributo no sucesso da transição digital em Portugal.
  • Continuar a incentivar a transição dos alunos do Ensino Profissional para o Ensino Superior. Criar iniciativas que aproximem as instituições de educação e formação do mercado de trabalho, de modo a ajustar a oferta educativa e formativas às suas reais necessidades.
  • Implementar estratégias com vista à recuperação dos resultados do PISA 2022 e apostar em medidas específicas direcionadas para o novo ciclo de estudo, em 2025, e para o particular enfoque que irá ser dado às Ciências.
  • Criar condições para que Portugal se torne mais atrativo para as empresas na área das altas tecnologias.
  • Estimular a digitalização das empresas e a adoção de modelos híbridos de trabalho, com o intuito de aumentar a produtividade e os salários.
  • Desenvolver mecanismos de apoio às empresas e aos trabalhadores na transição digital, aquando da introdução da IA no mercado de trabalho.
  • Desenvolver estratégias para mitigar a vulnerabilidade das profissões à IA.
  • Promover a formação contínua e a requalificação profissional para adaptar os trabalhadores às novas realidades tecnológicas.

“Em 2024, para além de atualizar os dados sobre o emprego, a educação e as competências, o quarto relatório ‘Estado da Nação’ divulgado pela Fundação José Neves demonstra a importância crescente do Ensino Superior ao nível da empregabilidade e do retorno salarial para os portugueses. A nova edição faz ainda uma análise do impacto da Inteligência Artificial no mercado de trabalho nacional e da crescente digitalização do tecido empresarial, demonstrando o seu impacto transformador na reestruturação do trabalho. Este documento é um contributo da Fundação para ajudar Portugal a responder aos desafios do presente e do futuro”, assinala o fundador José Neves.

O relatório “Estado da Nação: Educação, Emprego e Competências em Portugal” é o documento anual da Fundação José Neves com o objetivo de promover a discussão pública das debilidades e oportunidades da educação e do sistema de desenvolvimento de competências, de forma a permitir aos portugueses e aos agentes da educação, nomeadamente o Governo e as instituições de ensino, tomarem decisões com base em factos.

Este documento apresenta apenas alguns destaques da edição 2023 do Estado da Nação. O relatório na íntegra pode ser consultado através do link https://www.joseneves.org/estado-da-nacao/estado-da-nacao-2024.
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