PME focadas na sustentabilidade, inovação e eficiência operacional
O maior desafio continua centrado nos recursos humanos (66,4%), mas agora seguido da sustentabilidade (53,7%) e só depois as vendas (52,7%)
A PME Magazine, em parceria com a More Results, especialista em estudos de mercado, e a Iberinform, apresenta os resultados do quarto Barómetro PME.
As PME portuguesas estão gradualmente a mudar prioridades e estratégias, direcionando atenções não só para o recrutamento e retenção de talento, mas para a sustentabilidade da organização.
Tal como nas últimas três edições do Barómetro PME, o maior desafio continua centrado nos recursos humanos (66,4%), mas agora seguido da sustentabilidade (53,7%) e só depois as vendas (52,7%).
Num cenário complexo e dinâmico, os desafios e as oportunidades são também identificados no crescente desafio regulatório, nas ameaças cibernéticas e nas próprias alterações nos hábitos de consumo.
Como resposta, as PME inquiridas olham para o mercado interno (50,1%) como a principal estratégia de desenvolvimento do negócio, seguido da inovação tecnológica (37,6%) e o desenvolvimento de talento (31,4%).
A PME Magazine convidou, assim, o economista João Duque a comentar os resultados desta quarta edição que voltam a mostrar fragilidades nas pequenas e médias empresas portuguesas.
RESULTADOS BARÓMETRO PME 2024
Em 2024, apenas 21% das PME portuguesas inquiridas pretende adotar uma estratégia de internacionalização. 50,1% vai apostar na expansão dentro do mercado interno.
As novas contratações vão ser reforçadas nas áreas de operações e vendas. 51% dos CEO ou cargos de direção prevê reforçar a equipa na área das operações e 27,5% nas vendas. Apenas 10,1% prevê a contratação de gestores.
O economista João Duque é claro: «Who pay peanuts, get monkeys", (tradução livre “Quem paga amendoins, recebe macacos”)».
"Para contratar e reter talento é preciso pagar bem, criar um ambiente e dar um propósito. Hoje não é apenas a remuneração que está em cima da mesa, principalmente para as gerações mais jovens”.
Não obstante, o professor e presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão – ISEG ressalva a importância das remunerações “quando se comparam salários de 1.300 com 3.500 euros, o típico que se encontra quando se comparam as condições oferecidas pelas empresas portuguesas a jovens recém-licenciados ou mestres, com os salários que empresas do centro da Europa oferecem".
"As empresas não estão a ser competitivas no mercado internacional ou local, ao ponto de poderem pagar bem aos seus recursos", conclui João Duque, apontando poucas áreas onde esta questão não se verifica.
Embora um desafio reconhecido, a preocupação com os impactos ambientais voltou a diminuir: a maioria das empresas continua a não conhecer, medir ou possuir planos, com apenas 18,7% da amostra a considerar-se ameaçada pelo risco de emergência climática.
Pese embora o cenário, João Duque olha com “esperança” para o futuro através de duas formas: formação e implementação de uma cultura de sustentabilidade dentro das empresas.
Considerando que o caminho está a fazer-se, já que “Não há ninguém que em todas as suas ações respeite integralmente as boas práticas e normas da sustentabilidade”, importa estipular metas e critérios mensuráveis para avaliar o desempenho e melhorá-lo.
O recurso a apoios financeiros voltou a diminuir quase 10 pontos percentuais (p.p.) em 2023. 35,7% das empresas que foram apoiadas fizeram-no através da banca (25,6%), seguido de apoios à contratação e manutenção de postos de trabalho (9%).
Mais de 13% das empresas recebe e paga a pronto pagamento. No último trimestre de 2023, a maior parte das empresas (18%) optou por receber e pagar a 30 dias.
Quase 80% das PME não usa ferramentas de gestão de risco, sendo que 43,5% desconhece a sua existência.
“Estes resultados são um pouco constrangedores”, classifica o economista João Duque. “Há, de facto, um desconhecimento muito grande do que são os instrumentos financeiros e de que modo é que estes podem ajudar as empresas. Sem literacia financeira a vida das empresas fica mais difícil”.
“Pessoas que são capazes de desenvolver produtos, colocá-los no mercado, cumprir prazos de entregas, etc, e depois uma má decisão do ponto de vista financeiro acabam com as empresas”.
A falta de liquidez, os atrasos nos pagamentos por parte de clientes ou o crédito malparado – tesouraria e fluxo de caixa (25,1%) - estão no topo das maiores preocupações para as PME na gestão de risco.
Em 2023, apenas 20% das PME registaram uma diminuição nas vendas, comparando com dados de 2022. Para 65% as vendas aumentaram e para quase 15% mantiveram-se.
Há mais empresas exportadoras: em 2023, mais de 30% exportou bens (63,9%) ou serviços (36,1%). Quase 92% das exportações tiveram como destino a Europa (Espanha, França e Alemanha), seguido do continente africano (27,7%).
40% recorre a parceiros estratégicos: da logística à produção, passando pelo marketing e publicidade, as empresas recorrem a parcerias estratégicas para obter respostas especializadas.
O budget para marketing cresce, mas continua baixo com quase 41% das empresas a destinarem 1% ou menos a esta área. No marketing digital, as campanhas em redes sociais são as preferidas, com quase 60%. No offline, lidera a oferta de brindes com 61%.
Em 2023, o investimento na transformação digital aumentou 2.1 p.p., comparando com 2022. Quase 40% dos inquiridos tem conhecimento das ferramentas de Inteligência Artificial que podem beneficiar o seu negócio e mais de 60% quer avançar com a criação de uma equipa para esta área.
João Duque não tem dúvidas da importância da incorporação da IA nas empresas. “Quem não usar, fica fora. Quem usar será, com certeza, mais competitivo, com mais qualidade na oferta de bens ou serviços a um preço mais baixo”.
“Dentro de cinco anos, a máquina (inteligência artificial) será mais inteligente do que o homem, com criatividade e tomada de decisão”, por isso, defende, a única maneira de lidar será incorporar a tecnologia em nós próprios.
Os resultados do estudo comentados por João Duque estão disponíveis no site da PME Magazine.
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