- Comentador e político refere que Portugal tem de “saber gerir a incerteza, e arregaçar as mangas”;
- Na revolução da IA “Portugal não parte em desvantagem, a menos que estejamos distraídos”, refere Marques Mendes;
- Especialistas em contabilidade consensuais sobre a melhoria dos insights sobre a saúde financeira das empresas, com os contabilistas a passarem a ser conselheiros e assessores financeiros, bem como sobre a importância da supervisão humana sobre os automatismos e da formação em IA, quer nas empresas, quer nas universidades.
Olhando para as diferenças entre a Europa (8%) e os EUA (78%) na adoção da IA pelas empresas, Marques Mendes salientou a importância de “apostar no conhecimento” numa competição em que “Portugal não parte em desvantagem, a não ser que estejamos distraídos”. Antes, sublinhou a necessidade de “saber gerir a incerteza, arregaçar as mangas”.
Após identificar como desafios internacionais os conflitos internacionais na Ucrânia, Médio Oriente e as eleições nos EUA, Marques Mendes considerou que Portugal enfrenta, internamente, três grandes desafios – os riscos de choque e falta de integração da população imigrante, a competitividade e a produtividade. As soluções, refere Marques Mendes, são respetivamente, “saber gerir a dificuldade com a oportunidade” nas políticas de imigração, criar “políticas sólidas de inovação e no domínio fiscal” competitivas face aos países concorrentes, e avançar na digitalização e nos avanços na IA.
Olhando para o 2025, independentemente “se o Orçamento de Estado passa ou não”, Marques Mendes prevê “um ano agitado, mas não um ano instável”. As empresas devem “apostar na diversificação do risco” e os contabilistas assumirem o papel de “conselheiros e consultores” das empresas.
Na mesa-redonda, debateu-se o redesenho dos escritórios de contabilidade à luz da IA. De acordo com José Farinha, professor universitário e fundador da BTOCNET, “há claramente uma evolução que tem de ser feita em todos os profissionais" e "é uma inevitabilidade termos de crescer e nos adaptar às ferramentas tecnológicas. Temos de ter capacidade de extrair valor e dados destas ferramentas". Num momento em que 80% do tempo é passado em tarefas rotineiras e 20% em análise, o especialista acredita que a proporção será a contrária com o avanço da IA, com os contabilistas a tornarem-se “assessores e conselheiros de negócios”, ganhando tempo para “conversar com os clientes”. Porém, “a IA não pode trazer aumento de preço aos escritórios”, alerta.
Paulo Ribeiro, partner na PwC, considera que com os insights
da IA será “mais fácil explicar o que está nas contas que não vemos, o seu porquê,
e o seu impacto”. Os temas mais preditivos, sobre “o que vai acontecer
na saúde financeira da empresa” passarão a dominar as conversas entre
contabilistas e clientes.
"A IA traz muitas vantagens e temos de saber aproveitá-las, mas o trabalho tem de ser supervisionado por humanos”, alerta Tiago Costa Lima, Diretor de Produto para Escritórios de Contabilidade e PME da Cegid em Portugal. Com a automatização das tarefas, a competição será, no futuro, entre "quem faz os melhores prompts" e quem consegue analisar o produto do trabalho da IA.
Sobre a aprendizagem de como trabalhar com as novas ferramentas, "há
claramente uma evolução que tem de ser feita em todos os profissionais”,
explica Paulo Ribeiro. “A evolução académica é muito lenta, precisamos de um
boost de ambição, e transformar o curso de contabilidade para acompanhar a
tecnologia/benefícios”.
O primeiro dia do evento Cegid Accounting Summit contou com a moderação
da jornalista Andreia Vale e um toque de humor de Nilton. No dia 17 de outubro,
haverá lugar a um segundo dia, dedicado aos desafios da contabilidade no que
respeita à fiscalidade em 2025, que contará com a intervenção do ex-Secretário
de Estado dos Assuntos Fiscais, Carlos Lobo. As inscrições para o segundo dia
do evento ainda podem ser feitas no site da Cegid.
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